É uma das mais frequentes patologias do trato digestivo superior, mas tem um nome difícil de memorizar – Doença de Refluxo Gastro-esofágico (DRGE) – afinal o que é e que informações são essenciais fixar?
O estômago mantém um ambiente extremamente ácido, mas o seu revestimento protege o estômago dos efeitos desse próprio ácido. O esôfago não tem um revestimento protetor semelhante. Quando a secreção gástrica que retorna para o esôfago causa sintomas frequentes e incómodos ou lesões esofágicas denomina-se doença de refluxo gastro-esofágica (DRGE). Pode classificar-se em doença não erosiva (só sintomas) ou erosiva (na presença de lesões).
A DRGE relaciona-se com a falência de um ou vários dos mecanismos anti-refluxo. Vários factores como a obesidade, a gravidez, a diabetes, erros e excessos dietéticos, o tabagismo e alguns medicamentos aumentam o risco de DRGE.
Os doentes podem apresentar sintomas esofágicos e/ou extra-esofágicos. Os sintomas mais comuns são a azia (sensação de queimação atrás do osso esterno) e a regurgitação (perceção ao nível da boca ou garganta de conteúdo gástrico refluído). Sintomas extra-esofágicos incluem tosse, rouquidão e asma.
O diagnóstico de DRGE é feito pelos sintomas, podendo ser necessária a realização de endoscopia digestiva alta (para avaliação visual da mucosa esófago-gástrica) e phmetria esofágica (para avaliação funcional dos níveis de acidez esofágica).
Quando os sintomas indicam DRGE, o tratamento pode ser iniciado sem a realização de exames. Para começar, várias medidas simples podem ser tomadas para aliviar o refluxo gastroesofágico – 1) erguer a cabeceira da cama pode evitar que o ácido retorne ao esófago durante o sono assim como não comer 3 horas antes de ir para cama, 2) evitar medicamentos e alimentos que causam sintomas (café, álcool, alimentos gordurosos, bebidas ácidas, bebidas gaseificadas, temperos avinagrados; 3) emagrecer e deixar de fumar são também passos essenciais.
A terapêutica inclui medicamentos que neutralizam a acidez gástrica ou reduzem a produção do ácido gástrico. Medicamentos que estimulam o movimento do bolo alimentar através do esófago, estômago e intestino podem ser acrescentados. Pode ser também proposta terapêutica cirúrgica em casos selecionados.
O saber não ocupa lugar, e assim podemos estar mais preparados para compreender alguns sintomas e dar os primeiros passos na sua melhoria!
Drª Ana Célia Santos,
Presidente do Núcleo de Neurogastrenterologia e Motilidade Digestiva, da SPG